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Adele na EleEla, 1977; Monique no cartaz do filme As Moças daquela Hora; Nídia clicada por Guerreiro para calendário Pirelli; Vera na Status, 1974
Questão de atitude 
Por *Denise Gallo 


Juventude é juventude. Dispensa maiores explicações. Muito menos expressões atenuantes. Já velhice, para ser boa, precisa ser disfarçada. A começar pelo nome. Velhice não é velhice: é terceira idade, é melhor idade, é maturidade. Ninguém quer ser velho neste mundo de jovens felizes.
Já nos acostumamos à idéia de que envelhecer bem é parecer sempre uns dez anos mais jovem e alguns Prozacs mais feliz do que se é. Sorte do discurso embaralhado que funde as indústrias da saúde e da estética. Azar o nosso que estamos fadadas a passar mais da metade das nossas vidas desejando parecer o que não somos. Sim, porque, se a expectativa de vida da mulher brasileira, segundo o IBGE, é de 76 anos e se é por volta dos 40 que tudo começa a mudar de figura, restam-nos outros 40 anos para correr atrás do prejuízo.
Eternamente 20 e poucos 
Quem não quiser que pratique sua forma de resistência. Aceitar as marcas do tempo, hoje em dia, é “atitude”. Declarar não ter intenção de fazer plástica tem status de transgressão. Deixar os cabelos brancos, embora mais simples, barato e confortável, é uma decisão que, de tão heróica, merece ser justificada em livro, como fez a escritora americana Anne Kreamer em Meus Cabelos Estão Ficando Brancos – mas Eu me Sinto Cada Vez mais Poderosa (Editora Globo).
Os dados demográficos mostram que o mundo está envelhecendo. O número de nascimentos cai, a expectativa de vida cresce e, como conseqüência, hoje há no Brasil 120 pessoas acima de 60 anos para cada 100 pessoas abaixo de 5 (a relação era de 48 para 100 em 1981). 
Mas a publicidade continua ignorando as mulheres com mais de 50. Na mídia, quando elas aparecem, geralmente é para mostrar que “triunfaram sobre a idade”, que parecem irmãs de suas filhas ou que têm 50, mas se sentem como se tivessem 20. Só vejo explicação para uma mulher de 50 desejar sentir-se com 20 se não tiver feito nada de interessante nos últimos 30 anos. Neste caso, o negócio é pôr o pé na estrada e deixar que marcas de vida bem vivida apareçam logo no rosto, no corpo e, principalmente, na alma. 

*Denise Gallo, 37, é sócia da Uma a Uma, empresa de inteligência de mercado especializada em comportamento feminino: http://blog.umaauma.com.br. Seu e-mail: denise@umaauma.com.br

*Antonio Guerreiro, fotógrafo escolhido para esta matéria, acaba de completar 60 anos, 40 deles dedicados a fotografar algumas das mais lindas mulheres do Brasil. Fez centenas de capas de revistas masculinas de moda – muitas delas com as personagens aqui reunidas. Cansou de clicar estrelas nuas. Com algumas delas, se casou: Sandra Bréa, Sônia Braga, Betty Faria. Teve affaires com outras tantas, mas os nomes não são revelados. Um gentleman de alma.


Fonte: Revista TPM

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